Criatividade x Inovação

Inicialmente, pensei em colocar o título deste post como Criatividade e Inovação, pois existe uma compreensão evidente de que criatividade e inovação se completam (apesar de serem conceitos diferentes). Entretanto, minha intenção é destacar as diferenças entre os termos, ao mesmo tempo em que busco ressaltar que ambos devem ser tratados em conjunto. Parece confuso? E é mesmo.

“Criatividade é a inteligência se divertindo”
Albert Einstein

Existe uma infinidade de definições para criatividade e, por isso mesmo, talvez seja muito difícil escolhermos uma delas. O que me vem à cabeça quando me deparo com o termo criatividade é: geração de ideias. Você provavelmente pensou em coisa parecida ou algo como curiosidade, capacidade de inventar coisas, imaginação etc. Se estendermos um pouco essas definições para o nosso dia-a-dia, vamos perceber que, em muitas ocasiões, a criatividade tem muito a ver com espontaneidade e com nossos instintos, como no caso de criações artísticas ou na curiosidade natural, ao percebermos certos fenômenos à nossa volta. Foi a partir da criatividade científica que muitas das teorias modernas se desenvolveram e tantas outras ficaram pelo caminho. E isso indica algo interessante: criatividade não é o bastante. A criatividade não é capaz de sustentar a si mesma. Falta alguma coisa.

O brasileiro é criativo

Se ganhássemos 1 dólar cada vez que ouvíssemos essa frase, seríamos milionários.

Você pode encarar a frase pelo lado bom, o brasileiro consegue contornar situações difíceis, é resiliente etc. Por outro lado, quando criatividade nos remete a improviso, algo provisório ou gambiarra, o que nos resta é um sorriso amarelo e um sentimento meio envergonhado de não saber fazer as coisas direito.

Mas a ideia aqui não é deixar ninguém para baixo, então vamos nos concentrar no lado positivo da criatividade.

Criatividade é…

Reconhecer oportunidades! Perceber que algo não está do jeito que deveria.
Olhando por esse prisma, a criatividade surge como uma faísca, uma necessidade quase irresistível de aprimorar alguma coisa, melhorar um produto ou um serviço. A criatividade nasce onde há desconforto. Uma pessoa criativa é, antes de tudo, um inconformado.

Já inovação…

…é a palavra da moda, mas não devemos deixar que seu uso excessivo a desvalorize. Uma empresa que não inova é uma empresa que ficará para trás e mais dia, menos dia, acabará fechando suas portas. Mas antes de se desesperar, é importante entender que inovar não significa, necessariamente, inventar algo novo. Como assim?

Podemos entender o processo inovador mais como evolução do que revolução e isso não significa que, vez por outra, uma grande ruptura não possa acontecer. Acontece e muito! Mas se analisarmos muitas empresas de sucesso, vistas como inovadoras, como, por exemplo, a Apple, veremos que muitos de seus lançamentos foram aprimoramentos de produtos já existentes. Esse é o caso do Ipod, um dispositivo portátil que permite ao usuário ouvir música onde quer que esteja. Lembrou do Walkman, popularizado pela Sony no início dos anos 80? Pois é.

“A criatividade é pensar coisas novas. A inovação é fazer coisas novas”
Theodore Levitt

Da frase acima tiramos o conceito que deve ficar claro quando utilizamos os termos criatividade e inovação. A criatividade é a matéria-prima da inovação. Lembram-se quando falei que a criatividade é uma faísca? A inovação é o que permite que essa faísca se alastre, criando o ambiente necessário para que uma boa ideia não se extingua por falta de oxigênio.

Inovação tem a ver com método e é o que transforma uma boa ideia em um grande negócio. Por isso é que o brasileiro, apesar de muito criativo, é pouco inovador. Segundo o Global Innovation Index, o Brasil ocupa a posição de número 66 entre 129 países avaliados. Estamos atrás de Uruguai, Armênia, México e Irã, só para citar alguns. Não à toa, o Brasil ocupa a 129ª posição, de um total de 190 países, no ranking Doing Business, organismo do Banco Mundial que avalia a facilidade/dificuldade de se fazer negócios em um determinado pais.

Ao passo que a criatividade do brasileiro é evidente, a criação de riqueza por meio da abertura e sustentabilidade de novos negócios é extremamente comprometida devido a fatores como baixa escolarização, falta de acesso à tecnologia, burocracia para abrir e fechar empresas e elevada carga tributária.

Empreender já é uma atividade, por si só, bastante desafiadora. Enquanto não houver, no Brasil, um ambiente favorável aos negócios, inovação continuará sendo algo raro por aqui e permaneceremos como o país da criatividade, do jeitinho, da gambiarra.